sábado, 30 de junho de 2018

Organismos Geneticamente Modificados - OGMs

Organismos Geneticamente Modificados (OGM) x Organismos Transgênicos x  Organismos Cisgênicos

Os organismos que tiveram seu material genético modificado por qualquer técnica de engenharia genética (DNA recombinante) são conhecidos como organismos geneticamente modificados (OGM). Eles são também conhecidos como organismos transgênicos (do latim trans = através de). As duas expressões não são exatamente iguais, já que o termo “transgênico” deve ser usado para um tipo especial de organismo geneticamente modificado: aqueles em que o material genético introduzido veio de outra espécie. As bactérias com DNA recombinante são um exemplo de transgênicos. Hoje em dia, além de bactérias, há também muitos animais e plantas transgênicos.

Você provavelmente já comeu vários organismos geneticamente modificados e eles provavelmente não te fizeram nenhum mal. Uma grande quantidade dos alimentos que consumimos hoje em dia, como o milho que é usado pra fazer a sua pipoca, sofreram modificações genéticas direcionadas por nós ao longo de milhares de anos. O que são organismos geneticamente modificados? Existem riscos associados a eles, como eles têm contribuído para a humanidade e como podem nos beneficiar mais ainda no futuro? Confira abaixo o vídeo do canal Minutos psíquicos para saber mais sobre o que são OGMs:




De acordo com Adriana Brondani (Bióloga, doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretora-executiva do Conselho de Informação dobre Biotecnologia - CIB ):

“             Um organismo geneticamente modificado (OGM), segundo a Lei de Biossegurança (11.105/05), é um ser vivo que teve seu material genético (DNA/RNA) modificado por engenharia genética. Já o termo “transgênico”, que não é definido pela lei, é um organismo que contém um ou mais segmentos de DNA ou genes que foram manipulados entre ou intraespécie. Assim, o transgênico é um tipo de OGM, mas nem todo OGM é um transgênico – como é o caso dos cisgênicos. O cisgênico é um organismo que passou por um procedimento que envolve a tecnologia do DNA recombinante, mas com o uso de genes de espécies que podem ser cruzadas naturalmente. Um dos exemplos mais conhecidos de cisgenia é resultante da pesquisa para tornar batatas resistentes ao fungo patogênico Phytophthora, realizada pelo instituto Plant Research International (PRI), da Universidade de Wageningen, na Holanda. Para chegar ao resultado desejado, os pesquisadores implantaram nas batatas um gene de resistência ao fungo presente em batatas selvagens. Segundo a legislação brasileira, independentemente da origem do material genético (seja ele do próprio organismo, de espécies sexualmente compatíveis ou de organismos distantes), todos são OGM – não importa se são transgênicos ou cisgênicos.


Há várias técnicas para introduzir um gene em uma célula: ela pode ser infectada com vírus que levam o gene em questão; com micropipetas que perfuram a membrana e injetam o gene na célula; com uma espécie de “canhão” de genes que atira partículas microscópicas de ouro ou tungstênio com moléculas de DNA aderidas à superfície dessas partículas (Técnica conhecida como biobalística); com auxílio da Agrobactérium tumefaciens, bactéria que tem capacidade natural de transferir parte de seu material genético para o genoma de algumas plantas.


       Como é feito o melhoramento genético em plantas? Ou o que seria melhor, consumir produtos oriundos de cultivos transgênicos, convencionais ou orgânicos? Assista os vídeos abaixo do canal # InstanteBiotec e conferira como é feito o melhoramento genético de plantas, e alguns exemplos de plantas transgênicas comercializadas hoje em dia, além de saber qual se a opção orgânica é mesmo melhor que os produtos convencionais, e qual o papel dos organismos geneticamente modificados nessa disputa.





Organismos geneticamente modificados - OGM



Animais transgênicos

Entre os animais transgênicos, há aqueles com genes humanos para produção de determinadas substâncias, como as cabras transgênicas que produzem no leite fatores de coagulação do sangue, proteínas que auxiliam no combate a diarréia e subnutrição.


Em 2010, cientistas argentinos anunciaram que uma vaca clonada produziu leite com duas proteínas do leite humano, a lactoferrina e a lizosima, que atuam contra infecções e ajudam a evitar anemia nos recém-nascidos. O DNA que codifica essas proteínas foi incorporado ao DNA da vaca. O objetivo é produzir leite para bebês que não tenham acesso ao leite materno.
Outros exemplos de animais transgênicos são os camundongos gigantes. Nesse caso, cópias do gene para a produção de hormônios do crescimento do rato são injetados em zigotos de camundongo. O gene do rato se integra ao genoma do zigoto, que é implantado em uma fêmea e se desenvolve. O resultado é um camundongo duas vezes maior que o normal. O camundongo gigante apresenta o novo gene em todas as células do corpo e, inclusive, produz gametas com o gene transplantado, produzindo filhotes que também serão gigantes. Um exemplo similar pode ser observado no esquema baixo:

Plantas Transgênicas e Agrotóxicos

            Há vários tipos de plantas transgênicas. Muitas ainda estão em fase de pesquisa. Algumas são mais produtivas ou nutritivas; outras resistem melhor à seca; e há ainda as que são resistentes a alguns agrotóxicos. Contudo, antes de entendermos melhor o uso de plantas transgênicas e sua relação com os agrotóxicos, vejamos um pouco sobre o que vem a ser um agrotóxico e seu histórico legal no pais.

         Segundo Paschoal (1979), a indústria química, os agricultores, o comércio e a mídia adotavam preferencialmente a expressão “defensivos agrícolas” para designar os produtos utilizados contra as pragas na agricultura; no entanto, tais produtos também eram referenciados como praguicidas, pesticidas, biocidas, entre outros. Machado (2008) afirma que após a promulgação da Lei Nº 7.802/89, considerou-se, finalmente, indevido o uso do termo “defensivo agrícola” que distorcia o conceito e cuja denominação fugia da linha terminológica internacional. Assim, adotou-se o termo “agrotóxico” que evidencia a presença de produto perigoso. Alves Filho (2002) determina que a regulamentação prevista pela Lei Nº 7.802/89 ressalta a importância de controlar o uso dos agrotóxicos, pois há um uso exagerado e indevido destas substâncias motivado principalmente pela desinformação de seus perigos reais. 
         O Brasil apresenta um arcabouço legal para tratar das questões referentes aos agrotóxicos, tendo como base a Lei dos Agrotóxicos, Lei Nº 7.802 de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto Nº 4.074, de 04.01.2002, que disciplina a produção, comercialização e uso de agrotóxicos. Desta forma, o Art. 41 do referido decreto, determina que as empresas com registros de produtos agrotóxicos são obrigadas a apresentar ao poder público relatórios de comercialização desses produtos, com periodicidade semestral. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama consolida esses dados, divulgando-os em relatórios anuais, nos quais apresenta as quantidades comercializadas por ingrediente ativo (BRASIL, 2016). 
        Conforme classificação adotada pelo IBGE (2015) em seu relatório sobre a comercialização de agrotóxicos, a classificação quanto ao potencial de periculosidade ambiental de um agrotóxico obedece à seguinte gradação, sendo que, quanto menor a classe, maior será o perigo de dano ambiental: 

Classe I – produto altamente perigoso; 
Classe II – produto muito perigoso; 
Classe III – produto perigoso; 
Classe IV – produto pouco perigoso. 

        Peres e Rozemberg (2003) argumentam que a o aumento da produção de alimentos de maneira sustentável continua sendo o grande desafio do setor agrícola. Os agrotóxicos, produtos utilizados para o controle de pragas, doenças e ervas daninhas, estão entre os principais instrumentos do atual modelo da agricultura brasileira, centrado em ganhos de produtividade. Por outro lado, os agrotóxicos podem ser persistentes, móveis e tóxicos no solo, na água e no ar; tendem a acumular-se no solo e seus resíduos podem chegar às águas superficiais, por escoamento, e às subterrâneas, por lixiviação (PERES; ROZEMBERG, 2003). A exposição humana e ambiental a esses produtos cresce em importância com o aumento das vendas. O uso intensivo dos agrotóxicos está associado a agravos à saúde da população, tanto dos consumidores dos alimentos quanto dos trabalhadores que lidam diretamente com os produtos, à contaminação de alimentos e à degradação do meio ambiente (PERES; ROZEMBERG, 2003).

Definições importantes:

AGROTÓXICOS - Segundo a Lei Federal n.º 7.802/1989, "agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa dos seres vivos considerados nocivos."

AGROQUÍMICO - segundo o decreto 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei 7.802/1989, em seu artigo 1º, inciso IV, define os agroquímicos como: "Produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias de produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento."

Plantas transgênicas e sua resistência ao glifosato

Algumas variedades de soja, algodão e milho transgênicos, por exemplo, possuem um gene, retirado de uma bactéria, que confere à planta resistência ao glifosato. Com esse gene a planta pode receber um determinado herbicida (glifosato) que mata as ervas daninhas sem ser afetada. Essa resistência faz com que o herbicida possa ser usado depois de a soja ou o algodão já terem sido plantados. Nas plantações convencionais, é preciso usar vários herbicidas, mais tóxicos que o glifosato, que só pode ser aplicado antes do cultivo. Contudo, por ser o agrotóxico mais utilizado no mundo, existe uma grande polêmica envolvendo este agrotóxico e seu suposto efeito cancerígenos. Abaixo seguem dois sites que falam mais sobre o glifosato, seu uso, como ele funciona e as polêmicas envolvendo a sua utilização:


  1. Revista Globo Rural: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Pesquisa-e-Tecnologia/noticia/2016/05/polemica-do-glifosato.html
  2. Monsanto: http://www.monsantoglobal.com/global/br/produtos/pages/mitos-verdades-glifosato.aspx


O que você realmente sabe sobre o Glifosato? Assista o vídeo abaixo:


         Mas será mesmo que o glifosato pode ser um agroquímico seguro, que não causa impactos ao meio ambiente ou para a saúde humana? Abaixo segue o resumo de um artigo de revisão da revista internacional Science of The Total Environment escrito por Van BruggenA.H.C. e colaboradores em 2018 intitulado "Environmental and health effects of the herbicide glyphosate" que aborda os efeitos do glifosato na saúde e no meio ambiente:

         O herbicida glifosato (N-(fosfonometil)glicina), tem sido amplamente utilizado nos últimos 40 anos, sob a suposição de que os efeitos colaterais foram mínimos. No entanto, nos últimos anos, aumentaram as preocupações em todo o mundo sobre o potencial amplo e direto dos efeitos diretos e indiretos à saúde do uso em larga escala do glifosato. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde reclassificou o glifosato como provavelmente carcinogênico para humanos. Uma visão geral detalhada é dada na literatura científica sobre o movimento e resíduos de glifosato e o seu produto decomposto, o ácido aminometil fosfônico (AMPA) no solo e água, sua toxicidade para macro e microorganismos, seus efeitos sobre as composições microbianas e potenciais efeitos indiretos sobre plantas , saúde animal e humana. Embora os efeitos tóxicos agudos do glifosato e do AMPA em mamíferos sejam baixos, há dados em animais que levantam a possibilidade de efeitos na saúde associados a doses crônicas ultra-baixas relacionadas ao acúmulo desses compostos no ambiente. O uso intensivo de glifosato levou à seleção de ervas daninhas e microrganismos resistentes ao glifosato. Mudanças nas composições microbianas devido à pressão seletiva pelo glifosato podem ter contribuído para a proliferação de patógenos de plantas e animais. A pesquisa sobre uma ligação entre o glifosato e a resistência a antibióticos ainda é escassa, mas supomos que a pressão de seleção pela resistência ao glifosato em bactérias poderia levar a mudanças na composição do microbioma e aumento da resistência a antibióticos a agentes antimicrobianos clinicamente importantes. Recomendamos pesquisas interdisciplinares sobre as associações entre a exposição crônica ao glifosato de baixo nível, distorções nas comunidades microbianas, a expansão da resistência aos antibióticos e o surgimento de doenças animais, humanas e de plantas. É necessária uma pesquisa independente para revisitar os limites de tolerância para os resíduos de glifosato na água, alimentos e ração animal, levando em consideração todos os possíveis riscos para a saúde.

Para mais informações sobre o glifosato leia também este artigo de revisão escrito pelos autores Ozelito P. A. Junior e Teresa C.R. Santos do Departamento de Tecnologia Química da Universidade Federal do Maranhão, intitulado "Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e legislação"e publicado na revista Química Nova http://ref.scielo.org/wwgf6p

O DDT e seus impactos ao meio ambiente - Da Guerra para a Agricultura

     Outro exemplo de agrotóxico é o diclorodifeniltricloroetano (DDT), é o mais conhecido dentre os inseticidas do grupo dos organoclorados. Estes pesticidas incluem os derivados clorados do difenil etano (onde se inclui o DDT, seus metabólitos DDE e DDD, e o metoxicloro); o hexaclorobenzeno (BHC); o grupo dos hexaclorocicloexanos (a-HCH, b-HCH, d-HCH e g-HCH ou lindano); o grupo dos ciclodienos (aldrin, dieldrin, endrin, clordano, nonaclor, heptaclor e heptaclor-epóxido), e os hidrocarbonetos clorados (dodecacloro, toxafeno, e clordecone). O DDT é considerado uma das substâncias sintéticas mais utilizadas e estudadas no século XX, tendo sua utilização desde a guerra até a agricultura, como mostra o texto abaixo:

Da guerra para a agricultura

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os agrotóxicos foram utilizados como arma química, tendo seu uso se expandido a partir de então. A utilização dos agrotóxicos na agricultura iniciou-se na década de 1920, quando seus efeitos ainda eram pouco conhecidos do ponto de vista toxicológico. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os agrotóxicos foram utilizados como arma química, tendo seu uso se expandido a partir de então. Depois do conflito, o uso dos agrotóxicos foi difundido nos Estados Unidos e na Europa. Foi quando começaram a ser utilizados como “defensivos agrícolas” na Revolução Verde, que prometia aumentar produção mundial de alimentos através de técnicas modernas. Os agrotóxicos, porém, não deixaram de ser usados como arma química. O caso mais emblemático ocorreu na Guerra do Vietnã (1964-1975), com o uso do laranja, um herbicida altamente tóxico. Aviões estadunidenses despejaram 83 milhões de litros da substância sobre 26 mil aldeias Sudeste Asiático. O produto era fornecido por várias empresas, mas o mais utilizado era o da Monsanto, que possuía níveis maiores de dioxinas, que provocam cânceres e má formação. O agente laranja causou doenças e incapacidades tanto em soldados quanto em civis e até hoje vietnamitas e veteranos da guerra sofrem seus efeitos no organismo. O primeiro alerta mundial contra a prática do uso de agrotóxicos veio com o livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson. Publicado em 1962, a obra descreveu diversos casos de pulverizações – especialmente de diclorodifeniltricloroetano (DDT) – nos Estados Unidos, nos anos de 1950 e 1960, quando morreram enormes quantidades de animais e houve a contaminação de águas de rios, córregos e solos.
Da guerra para a agricultura. Brasil de Fato.
Patrícia Benvenuti, 13 de Junho de 2012

As propriedades inseticidas do DDT foram descobertas em 1939 pelo entomologista suíço Paul Müller, o que lhe valeu posteriormente o Prêmio Nobel da Medicina devido ao uso do DDT no combate à malária.

O DDT foi utilizado na Segunda Guerra Mundial para prevenção de tifo em soldados, que o utilizavam na pele para combate a piolhos. Posteriormente foi usado na agropecuária, no Brasil e no mundo, dado seu baixo preço e elevada eficiência.

A produção em grande escala iniciou-se em 1945, e foi muito utilizado na agricultura como pesticida, por cerca de 25 a 30 anos. Tanta foi a quantidade que se estimou que cada cidadão norte-americano ingeriu, através dos alimentos, uma média de 0,28 mg por dia em 1950. Outra função para seu uso foi em programas de controle de doenças tropicais, inclusive no Brasil, como malária e leishmaniose visceral.

Foi a descoberta do DDT que revolucionou os conceitos de luta contra a malária. Sua eficácia contra formas adultas dos mosquitos e seu prolongado efeito residual fizeram com que no período de 1946-1970 todos os programas de controle se apoiassem quase que totalmente em seu emprego.

Em 1962, Rachel Carson sugeriu em seu livro "Primavera Silenciosa", que o amplo uso do DDT poderia ser a principal causa da redução populacional de diversas aves; muitas delas seriam as de topo de cadeia alimentar, como o falcão peregrino, e a águia calva ("bald eagle"- Haliaeetus leucocephalus), animal símbolo dos EUA. Este livro é considerado a primeira manifestação ecológica contra o uso indiscriminado do DDT.

Para mais detalhes sobre o DDT e sobre a obra de Rachel Carson "Primavera Silenciosa", assista os vídeos abaixo:

História Ambiental Rachel Carson
Retirado do filme Earth Day


Casos da Química 52 - Já Ouviu Falar em Primavera Silenciosa?


Perigos do inseticida DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano)


Para mais informações sobre o DDT, leia o artigo de revisão escrito pelos autores, Claudio D'Amato, João P. M. Torres e Olaf Malm do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, intitulado"DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano): Toxicidade e contaminação ambiental - uma revisão" e publicado na revista Química Nova http://ref.scielo.org/3fqqht

Plantas transgênicas, resistência à pragas e a saúde

Outro tipo de planta transgênica resistente a pragas é o milho Bt. Para cria-lo, foi utilizado um gene de bactéria Bacillus thuringiensis, que vive no solo e produz a toxina Bt (Iniciais do nome da bactéria) capaz de matar a lagarta do cartucho e da broca, pragas do milho. Esses insetos morrem assim que começam a comer a planta transgênica. Inofensiva ao ser humano, essa bactéria já é usada há mais de 50 anos como inseticida biológico.
Também tem sido estudada a opção de vacinação oral por meio de alimentação com vegetais transgênicos. Assim, esses alimentos funcionariam como medicamentos. É o caso de bananas e de alfaces com vacina contra meningite e a hepatite B, respectivamente.
Apesar dos benefícios, os transgênicos trazem também alguns riscos e uma grande polêmica entre cientistas e na sociedade em geral.
Para os críticos, não há provas suficientes de que esses produtos não causem danos à saúde ou desequilíbrios no ambiente – pelo menos a longo prazo. Por isso, em muitos países, é necessário identificar os produtos que possuem um componente transgênico acima de certa porcentagem mínima (no Brasil, o governo estabeleceu 1%). A identificação é um direito do consumidor, além de tornar mais fáceis estudos sobre a ocorrência de alergias e outros possíveis problemas entre os consumidores.
Em relação a saúde, os defensores dos transgênicos argumentam que os estudos não indicam nenhum problema. A maioria das proteínas e do DNA é destruída (fragmentada em aminoácidos e nucleotídeos) no cozimento ou pela digestão. Entretanto, uma pequena quantidade de fragmentos de DNA e de proteína pode ser absorvida e cair no sangue. Tudo indica, porém, que essas moléculas são destruídas pelos sistemas de defesa do organismo. Além disso, nos alimentos não transgênicos também há proteínas e genes – presentes nas células de plantas, de animais e nos vírus que parasitam essas células. E também não já evidencias de que isso cause problemas ao nosso organismo.
Contudo, sabemos que algumas pessoas têm alergia a certos alimentos. Da mesma forma, algumas pessoas também podem ser alérgicas aos alimentos transgênicos. Por isso eles têm de ser testados antes que sua venda seja liberada no mercado. Mas, para os defensores dos transgênicos, o risco de alergia a esses alimentos não é maior do que o dos alimentos convencionais.
Não podemos esquecer também que, pelo menos em alguns transgênicos, há uma redução na quantidade de agrotóxicos, o que é benéfico para a saúde humana.
Em relação ao ambiente, os grãos de pólen das plantas transgênicas podem ser levados por vento ou insetos e fecundar plantas convencionais. Por isso são necessários estudos ambientais analisando caso a caso. No caso da soja, o risco é menor porque elas fazem autopolinização. Já para o milho, que faz polinização cruzada, o risco é maior. Para diminuí-lo, plantas transgênicas devem guardar uma distância mínima das culturas convencionais.
Além disso, os animais que atacam as pragas poderiam morrer quando ingerissem os insetos que se alimentaram de plantas transgênicas com agrotóxicos em suas células. Mas o agrotóxico das culturas convencionais também pode matar esses insetos. Assim, a diminuição do uso de agrotóxicos que alguns transgênicos proporcionam poderia ajudar na preservação das espécies selvagens.
É possível também que o uso de certos transgênicos provoque uma seleção de insetos resistentes ao agrotóxico presente na planta. Mas essa resistência também pode aparecer nas plantações que recebem agrotóxicos. O risco pode ser diminuído usando plantas não transgênicas como um refúgio para os insetos não resistentes.
Defensores dos transgênicos dizem que a população mundial vem crescendo e, para produzir mais alimentos, os ambientes naturais serão cada vez mais destruídos. Transgênicos mais produtivos causariam uma menor destruição desses ambientes.

Os críticos afirmam que a preferencia pelo cultivo de um único tipo de transgênico reduz a diversidade de plantas na região. Isso seria perigoso por que quanto maior a diversidade genética, maior a resistência a pragas e a mudanças climáticas. Por isso é importante preservar as plantas nativas, que possibilitam o surgimento de novas variedades.
          Outro problema é que o fornecimento de sementes transgênicas poderia ficar sob controle de grandes empresas do setor agrícola, aumentando a dependência dos países menos desenvolvidos. No caso do Brasil, a Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já possui tecnologia para produzir alguns transgênicos, o que diminuiria essa dependência. A Embrapa produz soja resistente a herbicida; mamão, batata e feijão imunes a certos vírus; Cacau resistente à praga da vassoura-de-bruxa (um fungo). Essas plantas, porém, ainda não são cultivadas comercialmente.

Em suma, apesar de alguns benefícios, ainda há preocupações acerca de questões sociais, econômicas, ambientais e de saúde envolvidas no cultivo de transgênicos.

Debatendo o Tema dos Transgênicos

Agora, sabendo mais sobre os agrotóxicos e sua relação com os organismos geneticamente modificados, seus pontos positivos e negativos e sua influência no meio ambiente e na sociedade, vamos assistir um debate sobre o tema " Biotecnologia - Transgênicos" intitulado "Transgênicos: A gente come, lucra e não conhece" do canal Tome Ciência que relaciona os avanços na biotecnologia para o desenvolvimento de transgênicos e a importância das políticas públicas para tornar esta tecnologia eficaz no combate a fome, dentre outros temas! Veja a uma sinopse abaixo:

Muita gente já consome alimentos transgênicos sem ao menos saber o que são esses organismos geneticamente modificados. Há quem se preocupe com consequências para a saúde e meio ambiente. Mas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – a Embrapa – já conseguiu avanços garantidos que permitiram significativos crescimentos na exportação agrícola brasileira. Pesquisadores e cientistas debatem o problema, que já foi resolvido em muitos países do primeiro mundo. A desconfiança do público e dos políticos se baseia na ignorância? Quem deve bater o martelo sobre o consumo dos transgênicos? Os cientistas? Os políticos? Saiba como anda a lei de biossegurança que trata do assunto. Participantes:

  • Silvio Valle, coordenador do curso de biossegurança e pesquisador da Escola de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz.
  • Marília Nutti, engenheira de alimentos, pesquisadora da Embrapa – Agroindústria de Alimentos.
  • Norma Rumjanek, doutora em Genética de Microorganismos, pesquisadora em Agrobiologia na Embrapa.
  • Heloisa Helena Barboza, professora titular de Direito Civil da Uerj e professora do curso de mestrado da Universidade.


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